sábado, 30 de abril de 2011

Não diga nada.
Palavras são vãs.
Pense, silenciosamente.
Nenhuma conclusão irá permanecer.
Silenciosamente, pare de pensar.
Renasça.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cansei

Cansei.
Cansei das palavras, as ditas e as nunca pronunciadas.
Cansei de mim e de todos os olhares.
Cansei das reminiscências e das dúvidas.
Cansei das pessoas.
Cansei de esperar o tempo passar.
Cansei de não conseguir parar minha mente.
Cansei de não dormir.
Cansei de estar cansada.

Vou procurar minha paz.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 2 de abril de 2011